Em 2014, a Organização das Nações Unidas publicou seu informe sobre a situação da discriminação racial no País, em que aponta que o racismo no Brasil é “estrutural e institucionalizado” e “permeia todas as áreas da vida”. Ainda podemos entender no documento a conclusão de que o “mito da democracia racial” ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda “nega a existência do racismo”.
Não precisamos ir longe, basta apenas olhar nossos cadernos policiais para uma autorreflexão e acabar concordando com as pontuações da ONU, que no Brasil os negros são os que mais são assassinados, são os que possuem menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são também os que morrem mais cedo e têm a menor participação no Produto Interno Bruto (PIB). Em contraponto a esta “minoria”, são os negros que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.
Nas redes sociais, onde todos opinam, há uma clara negação ao racismo, ao ponto do político que deseja colocar isso em pauta seja chamado de separatista nacional. Isso demonstra o quanto o “mito da democracia racial brasileira” está enraizado.
Por isso temos que dar voz a ações afirmativas do movimento negro, do movimento feminista, do movimento LGBT, e tantos outros que precisam ser ouvidos, para assim, quem sabe, diminuirmos este abismo social. Não podemos chamar o Brasil de democracia racial, se existe um racismo institucional. Até que ponto ainda aceitaremos como normais as hierarquias raciais que fazem parte de nossa “cultura”?
Nos EUA, a morte de Floyd foi a gota que transbordou o copo, desencadeando protestos por todo país, somados ao grande número de negros mortos pelo Covid-19, ao grande número de desempregados que o vírus gerou, à desesperança da juventude e à descrença no governo.
Para não chegarmos ao ponto americano, precisamos e devemos investir mais no sistema educativo, em que a história do Brasil também conte a história real dos índios, dos negros, das mulheres, e de outras minorias. Precisamos que o ensino seja amplamente trabalhado e adequadamente estudado.
Em meio a uma pandemia mundial na qual a recomendação principal das autoridades de saúde é para que se fique em casa, pessoas se aglomeram nas principais avenidas do país para se manifestar.
As manifestações, que inicialmente tinham como base opiniões pró ou contra governo, tomaram outra forma no último final de semana, uma vez que a maioria da população brasileira – apesar de maior em número – não é a principal beneficiada de privilégios, muito pelo contrário, é uma população que tem grande parte dos seus acessos à saúde, educação e emprego negados.
A morte de um homem que estava com sua família e levou 80 tiros, outro que estava com um guarda-chuva na mão e foi confundido com uma arma de fogo, e uma criança que estava dentro da própria casa. Os casos parecem ser distintos, mas todos eles têm um denominador comum: a cor de sua pele. É possível entender a revolta. Basta assistir a um ou dois vídeos, ou até́ mesmo ler as manchetes dos jornais para nos depararmos com um racismo que nunca deixou de existir na nossa sociedade, ele foi apenas naturalizado.
A diferença agora é que tudo está sendo filmado e divulgado amplamente nas redes sociais, e pela primeira vez, é exposto para camadas da sociedade que nunca precisaram pensar sobre tal assunto. Podemos compreender, alguns de nós ainda principiantes no assunto, a dor e a angústia das pessoas que lidam com o racismo todos os dias se suas vidas.
Enquanto muitos de nós, dotados de privilégios, discutimos e organizamos um novo cenário mundial, que temos chamado de “novo normal”, outros tantos ainda terão que lidar com velhas práticas que estão enraizadas. Muito antes de debatermos sobre o novo normal, é preciso discutirmos sobre políticas de segurança e direitos iguais.
Para assumirmos uma opinião a respeito de uma situação, é preciso entender toda a conjuntura, e o cenário não é só nacional, é mundial. É preciso entender fatos, como também os que aconteceram nos Estados Unidos, uma vez que os protestos que tiveram início lá, encorajaram os protestos por aqui. É preciso compreender todos os contextos para decidirmos o que fazer daqui em diante, para também resolvermos uma dívida que é histórica.
Que novo normal queremos construir para o futuro da nossa sociedade?
Elaboramos algumas questões para auxiliar na reflexão, até porque muito mais importante do que se posicionar, é garantir com ações para que essas mudanças ocorram.
Se você conseguiu responder com facilidade a estas perguntas, você está no caminho para construir o novo normal livre de desigualdades sociais.
As suas ações são responsáveis pelo futuro que tanto desejamos. Vamos pôr em prática?
R. José Alexandre Buaiz, 300 Enseada do Suá,Vitória/ES
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