Sociedade

O Arcaico e o Moderno
João Gualberto Vasconcellos
29 de julho de 2020
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O arcaico e o moderno

O importante sociólogo francês Gilles Lipovetsky, autor, dentre outras obras, do livro A Cultura Mundo: Resposta a uma sociedade desorientada, faz uma boa análise do atual momento de expansão cultura europeia, que ele chama de hipermodernidade. Entre os muitos elementos que ele analisa chamo a atenção para um apenas, o poder da tecnologia para a socialização da cultura do mundo europeu. Alguém em um país distante do nosso – como o Afeganistão, por exemplo – pode acessar a visita virtual ao Museu do Louvre ou assistir a um concerto da Filarmônica de Berlim. Para ele nunca houve nada parecido. Ao invés de apenas criticar a banalização da cultura em nossos tempos, ele também chama a atenção para esse aspecto importante.

Há nisso uma verdade inconteste. Avançamos muito na socialização dos padrões culturais europeus. Nunca, na história da humanidade, tantos puderam ter acesso a tanta informação e ao que se produz culturalmente em todo o planeta. Um alento em tempos tão difíceis.

Mas, esses mesmos veículos da hipermodernidade, também ampliam e dão passagem, no caso brasileiro em especial, mas em um fenômeno mundializado, a velhos padrões de comportamento. A fofoca que é central na política brasileira, ganhou agora em todas as plataformas digitais uma alavanca enorme. Ficou, digamos assim, mais poderosa.

Lembrando do Brasil, pensemos no whatsapp nas eleições.  Ele pode desconstruir reputações através de mentiras, de falsidade e enganações as mais diversas. Em A Oferta e o Altar Renato Pacheco explora o poder da fofoca em eleição em Conceição da Barra em 1958. Hoje tudo aquilo se repetiria, afinal nossa cultura política não avançou a ponto de eliminar a fofoca. Mas, se repetiria turbinado pela tecnologia.

Por um desses mecanismos que a antropologia política estuda, enlaçamos o arcaico com o moderno, da forma estranha que a sociedade brasileira sabe fazer, e a fofoca e a mentira, chamada de fake News, ganhou força e potência. São os novos tempos turbinando os restos do passado.

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BETE RODRIGUES
Professora da Universidade Federal do Espirito Santo, fundadora do curso de Comunicação da Ufes, jornalista profissional desde 1973 e profissional de Marketing Político desde 1980.

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