Eu concordo com Nizan Guanaes. Vamos armar a árvore de Natal. Te convido a vir comigo.

Na base vamos pendurar as grandes dores, eu vou pendurar os 80 quilos de sobrepeso que torturam minhas pernas, joelhos e causam grande dano à minha autoimagem.

Nossa! Quase que a árvore tomba sob tamanho peso. Como não tinha outro sofrimento de igual peso para equilibrar, decidi partir em duas. Pendurei os 40 quilos a mais em cada perna. Ficou ótimo. Coloquei em duas bolas azuis enormes. Azul é uma cor fria.

Vamos em frente. Não dá para parar nesta vibe de sobrepeso, nem em qualquer outra. Vida é movimento.

Agora, as alegrias conquistadas. São amarelas. Prazeres são vermelhos e confortos, laranja. O que dizer de cada bondade? Minha roseira é uma delas. Chama-se La Belle de Jour. Deu tanta flor que escondeu a velha raiz de jacarandá que a sustentava. Criatura banal, destruiu o brilho do seu criador. Kkk

Ganhei dois novos amigos. Tô igual criança. Mostro meus brinquedos a cada encontro. Noutros, exponho minhas habilidades. E ganho abraços, geleias e elogios a cada partida de baralho. Isso merece uma dúzia de bolas em minha árvore. Todas rosa-choque, em tons neon, para chamar bastante atenção. Afinal, a vida nos concede surpresas tardias. Pode acreditar: Você também tem direito as bolinhas rosa-choque.

Agora vou polvilhar as alegrias terceirizadas. O que é isso? São coisas interessantes que acontecem com os que você gosta e que reverberam em seu coração.

No alto, estrelas. O amor que nunca me faltou. Dividiu sofrimentos comigo na quarentena e continua acesa desafiando ventos e sopros. Pendurado junto, filhos que são o sagrado e amigos que são filhos emprestados. Ficou uma beleza!

Mas ainda falta pendurar muita coisa. Principalmente as esperanças coloridas que brilham e apagam em sintonia. Você pode estar pensando: em tempo de tanta tragédia, de que vale uma alienada árvore de Natal brilhando em meio à pandemia?

Vale muito. Platão dizia que o contraste gera o estado de consciência.

Teremos Natal neste ano.